FERNANDO AZEVEDO
Os resfriados,
pneumonias, meningites que tanto ameaçam
a vida dão trabalho, mas a cura pode ser completa. Lógico que me preocupo muito
com a doença orgânica pelo imediatismo de resultados cobrados pela família e
pela nossa angústia de ver o mais breve possível a criança restabelecida e
novamente pronta pra o que der e vier. Dureza é a doença psíquica. Está virando
uma doença epidêmica e o dano é imensurável, pois é uma doença crônica,
progressiva. O corpo está lindo, mas a cabeça que é o nosso GPS para a vida
pode estar danificada para sempre o que trará prejuízo social e profissional,
pois afeta o que mais importa no corpo da gente: o equilíbrio emocional.
Nota-se cada dia mais crianças tristes, cobradas, competitivas, agressivas. Na escola a nota 10 sempre esperada e exigida,
quando criança não deveria ter nem nota nem reprovação que só traz soberba para
uns e tristeza para outros e ambos serão
vítimas desse desempenho para mais ou para menos. Se participam de alguma
atividade esportiva não seguem o espírito olímpico do Barão de Coubertin “o
importante não é vencer, é competir e com dignidade” e a criança não está
participando por não ter físico apropriado para o esporte que gosta. Tudo tem
visão profissional. Esses problemas são a mim trazidos e me pedem a indicação
do psicólogo, mas como mudar a criança se não muda o meio ambiente? Os pais,
avós, o núcleo familiar enfim é a principal causa do desajuste psíquico, mas as
pessoas não querem participar, não tem tempo, não se entendem entre si, brigam
na justiça por pensões... Se o desajuste é na escola o que acontece com
frequência, também não encontram um ambiente compreensivo e acolhedor. Ora
minha gente a psicologia tão necessária para ajudar essas crianças/adolescentes
cai por terra sem obter os resultados a que se propõe num tratamento. O
abandono das consultas de acompanhamento é quase uma rotina. Comparo com o
tratamento contra obesidade quando não se procura uma nutricionista para mudar
todo o comportamento alimentar de uma família. Não se obtém resultados sem essa
colaboração. Na obesidade, se chega à morbidez,
faz-se a cirurgia bariátrica com estatística favorável, mas não rigorosamente
favorável. Mas que intervenção se pode fazer num cérebro obeso de problemas?
Precisamos mudar: “Yes, we can”.
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