segunda-feira, 16 de maio de 2016

CONSIDERAÇÕES SOBRE VACINAS




FERNANDO AZEVEDO

Os médicos jovens felizmente não viram as doenças infecciosas que eu vi. Trabalhei durante 10
anos no Hospital Oswaldo Cruz e lá construi o Isolamento Infantil e. As enfermarias abrigavam
casos de Poliomielite, Difteria, Tétano, Tétano neonatal, Coqueluche, Varicela e a luta era
grande, Fazia traqueotomias diárias para salvar pacientes com Difteria e Tétano e todos
tinham que aprender. Assisti epidemias de Meningites C e B. Via mais de 20 casos de Raiva
humana por ano, enfim um verdadeiro inferno onde se gastava uma fortuna para salvar casos
que com poucos reais seriam resolvidos com vacinas. Algumas até existiam, mas não havia a
consciência da população em recebê-las e nos postos de saúde também nem em todos eram
encontradas. Fez-se muito vacinas em consultório. Na década de 80 (não lembro exatamente o
ano) houve uma epidemia brasileira de Meningite tipo B. Não havia vacinas no mundo para
esse tipo de meningococo. Cuba fabricava e importou-se de lá essas vacinas e foi um
pandemônio com filas intermináveis para recebê-la. A vacina revelou0-se um fracasso.  O
meningococo B entrou de férias e não se falava mais dele. O meningococo C passou a
prevalecer e no mundo é uma vacina obrigatória de qualquer calendário. Em 2015 (Abril-Maio)
surge uma nova vacina contra o Meningococo B. Por grupos de Zap espalharam uma epidemia
e as clínicas aplicaram essa vacina em quem procurava. Preço: em torno de R$600,00 reais a
dose. Quando essas crianças voltaram para a segunda dose não havia, ficando, portanto a
proteção incompleta. Vários ou inúmeros telefonemas me pedindo opinião sobre ela. DIGO E
AFIRMO que a SAUDE PÚBLICA é que tem que dar essas respostas. O MINISTERIO DA SAUDE E
AS SECRETARIAS ESTADUAIS É QUE TÊM QUE RESPONDER ESSAS PERGUNTAS. Tentei através
de a internet conhecer estudos sobre elas e haviam relatos de importantes reações adversas.
Orientei então que ficassem calmos, pois não havia nenhuma epidemia em curso. Busquei na
internet as atualizações da OMS para 2016 e não encontrei. Hoje (7.5.16) graças a Raquel de
Lavor que mora em Londres e Ana Dubeux na França consegui as informações e vejam a
confusão. Em Londres ela foi introduzida no calendário em Setembro de 2015 e faz-se aos 2
meses, 4 meses e 12 meses representando em reais R$1800,00.La  é gratuita. Na França a
recomendação é fazer em situações epidêmicas ou hiperendêmicas. ”Lá vaccination contre lês
IIM (Infections invasives à méningocoque) de sérogroupe B est recommandée pour dês
populations cibles dans Le cadre de situations spécifiques notamment épidémique et
d’hyperendemique. Olha ai a confusão ou explicação. A OMS através de suas sedes em quase
todos os países é que orienta essas imunizações, pois a indicação depende da situação de cada
país ou continente. Por que vacinar contra Febre Amarela em países onde não há o mosquito
transmissor. Por que vacinar contra Hepatite A em países saneados de primeiro mundo. Por
que vacinar contra Tuberculose em alguns países onde a existência é mínima. Tudo isso é
avaliado seriamente. O calendário brasileiro não a inclui. O calendário da Sociedade Brasileira
de Pediatria recomenda, mas só uma fração mínima da sociedade brasileira pode ter essas
condições. O que quero afirmar é que entrei também em contato com colega infectologista
que confirmou que não há registro que cause preocupação em relação ao Meningococo B. Tive
algumas surpresas em relação ao calendário Francês. “La vaccination gèneralizée contre lá
varicelle dês enfants à partir de l’âge de 12 mois n’est pás recommandée dans une perspective de santé publique”.  Entra no grupo de situações especiais. Durma-se com um
barulho desses.

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