FERNANDO AZEVEDO
Tenho acompanhado com muita decepção a
queda dos índices de amamentação no Recife e lógico que também no Brasil. A
Pediatria como ciência tem início no ano 1884 quando na Alemanha inicia-se o
ensino com a nomeação do Prof Otto Heubner Jr. No Brasil os Profs. Carlos Arthur Moncorvo de
Figueiredo (pai e filho) são os pais da Pediatria brasileira. Em 1910 funda-se
a Sociedade Brasileira de Pediatria e começa a formação dos nossos Pediatras. Uma das maiores preocupações
dos nossos formadores foi a amamentação, mas os resultados ainda eram pequenos.
A escravidão fornecia as “amas de leite”. As senhoras da sociedade por status e
pudor não amamentavam e com isso a mortalidade infantil por diarreia no primeiro
ano de vida era enorme. Na minha geração graças ao trabalho dos nossos mestres e
a continuação pelos novos pediatras começou-se a ter índices altos e mudança de
comportamento das mulheres, que amamentavam seus filhos em público sem nenhuma vergonha e melhor ainda com orgulho. Fernando
Figueira quando secretário de saúde em Pernambuco (anos 60) proibiu mamadeiras
em toda a rede pública. Recém nascido tinha que mamar na mãe e não tinha mais
conversa. Surgiu nos Estados Unidos que também vivia o mesmo problema a Liga do
Leite e que se multiplicou pelo mundo. Mães que amamentavam visitavam as comunidades
e falavam do benefício da amamentação exibindo seus filhos e relatando que não
adoeciam. Solicitamos a artistas da TV
que em vinhetas das emissoras amamentassem, foi criada no Rio de Janeiro a
associação Amigos do Peito. Em outros estados a coisa também pegou e aqui temos
um grupo que lidera isso com “mamaços” públicos. Me orgulhava de no consultório
ter praticamente 100% de aleitamento materno. Assisto agora um decréscimo
importante na amamentação e bebês saem das maternidades mais afamadas da cidade
com prescrição de leite em pó ou às vezes já tomam nos berçários. Logo num
local onde o nível intelectual é maior? Não dá para aceitar. Outra coisa triste
é a porcentagem de partos cesáreos chegando perto dos 100%. Na primeira
consulta o obstetra já avisa que não faz parto normal, só com data marcada. Aí os
berçários se enchem de crianças que nascem ainda imaturas por mais que as
ultrasonografias mostrem que o feto está maduro. Que nada! Maduro ele está
quando começa a querer sair. Lógico que certas mulheres devem por situações
especiais fazerem partos operatórios, mas quase todas? É hora de repensar,
voltar às campanhas de amamentação e não permitir que a indústria alimentícia
ganhe essa facilmente. Finkelstein um dos pioneiros da pediatria alemã já dizia
“Criança que mama não adoece e se adoece não morre”. Não existe verdade maior.
CÓDIGO DE HAMURABI (1730 -1685 aC)
Artigo 194 – “Se alguém der seu filho a ama
de leite e o filho morre nas mãos dela mas a ama sem conhecimento do pai e da
mãe aleita outro menino, deverá cortar-lhe o seio”
Não cheguemos a tanto.
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