segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A TRISTE QUEDA DA AMAMENTAÇÃO


FERNANDO AZEVEDO

Tenho acompanhado com muita decepção a queda dos índices de amamentação no Recife e lógico que também no Brasil. A Pediatria como ciência tem início no ano 1884 quando na Alemanha inicia-se o ensino com a nomeação do Prof Otto Heubner Jr.  No Brasil os Profs. Carlos Arthur Moncorvo de Figueiredo (pai e filho) são os pais da Pediatria brasileira. Em 1910 funda-se a Sociedade Brasileira de Pediatria e começa a formação dos  nossos Pediatras. Uma das maiores preocupações dos nossos formadores foi a amamentação, mas os resultados ainda eram pequenos. A escravidão fornecia as “amas de leite”. As senhoras da sociedade por status e pudor não amamentavam e com isso a mortalidade infantil por diarreia no primeiro ano de vida era enorme. Na minha geração graças ao trabalho dos nossos mestres e a continuação pelos novos pediatras começou-se a ter índices altos e mudança de comportamento das mulheres, que amamentavam seus filhos em público sem nenhuma  vergonha e melhor ainda com orgulho. Fernando Figueira quando secretário de saúde em Pernambuco (anos 60) proibiu mamadeiras em toda a rede pública. Recém nascido tinha que mamar na mãe e não tinha mais conversa. Surgiu nos Estados Unidos que também vivia o mesmo problema a Liga do Leite e que se multiplicou pelo mundo. Mães que amamentavam visitavam as comunidades e falavam do benefício da amamentação exibindo seus filhos e relatando que não adoeciam.  Solicitamos a artistas da TV que em vinhetas das emissoras amamentassem, foi criada no Rio de Janeiro a associação Amigos do Peito. Em outros estados a coisa também pegou e aqui temos um grupo que lidera isso com “mamaços” públicos. Me orgulhava de no consultório ter praticamente 100% de aleitamento materno. Assisto agora um decréscimo importante na amamentação e bebês saem das maternidades mais afamadas da cidade com prescrição de leite em pó ou às vezes já tomam nos berçários. Logo num local onde o nível intelectual é maior? Não dá para aceitar. Outra coisa triste é a porcentagem de partos cesáreos chegando perto dos 100%. Na primeira consulta o obstetra já avisa que não faz parto normal, só com data marcada. Aí os berçários se enchem de crianças que nascem ainda imaturas por mais que as ultrasonografias mostrem que o feto está maduro. Que nada! Maduro ele está quando começa a querer sair. Lógico que certas mulheres devem por situações especiais fazerem partos operatórios, mas quase todas? É hora de repensar, voltar às campanhas de amamentação e não permitir que a indústria alimentícia ganhe essa facilmente. Finkelstein um dos pioneiros da pediatria alemã já dizia “Criança que mama não adoece e se adoece não morre”. Não existe verdade maior.

CÓDIGO DE HAMURABI (1730 -1685 aC)

Artigo 194 – “Se alguém der seu filho a ama de leite e o filho morre nas mãos dela mas a ama sem conhecimento do pai e da mãe aleita outro menino, deverá cortar-lhe o seio”
Não cheguemos a tanto.

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