A CONSTIPAÇÃO INTESTINAL (PRISÃO DE VENTRE)
FERNANDO AZEVEDO
Criança alimentada com o leite materno exclusivo até completar os seis meses é o sonho de consumo do Pediatra. Finkelstein um Pediatra alemão dizia “criança alimentada ao peito não adoece e se adoecer não morre”. Grande verdade. As fezes com o leite materno são no primeiro mês muito ralas e freqüentes provocando muitas vezes pequenas assaduras sobretudo depois da invenção da maravilhosa fralda descartável. No entanto, a partir do segundo mês às vezes o bebê defeca em intervalos maiores chegando a 7 dias sem fazer cocô. Isso não é prisão de ventre nem se deve usar nada. Com leite de lata, qualquer deles, pode haver fezes endurecidas e evacuadas com esforço o que caracteriza a constipação. Se não defecar todo dia as fezes vão se tornando empedradas e ai aumenta o desconforto. Após o sexto mês quando a criança já está com uma dieta mais ampla comendo frutas, carnes, verduras temos que prestar sempre atenção à consistência e umidade das fezes. Qualquer esforço maior e com dor a criança vai retendo as fezes, fazendo cocô em pé às vezes com enorme desconforto. Vai se instalando também um quadro de megacolon funcional que é um aumento do volume da parte final do intestino e a evacuação torna-se muito dolorosa , às vezes entupindo o sanitário em caso de crianças maiores. Muitas vezes apresenta-se o escape fecal que é o borramento da calcinha ou cueca no esforço de não defecar, confundindo a mãe. Muitas vezes as mães dizem que “isso é de família”, mas constipação não é doença hereditária. Os hábitos alimentares errados da família é que fazem com que muitos apresentem o problema. Sabemos da resistência das crianças a comerem frutas e verduras e muitas vezes o “deixa pra lá e da o leitinho” é a causa. Hoje se entende que um bom funcionamento intestinal é profilaxia para muitas doenças futuras incluindo o câncer. Em crianças maiores, conscientizando-as consegue-se algum resultado embora amigas nutricionistas desistam de trabalhar com elas pela pouca adesão ao que propõem. Crianças menores fazem birra, não comem mesmo, vomitam etc. Temos então que entrar com medicamentos tipo óleo mineral, fibras vegetais, maior hidratação etc. Preste atenção então a esse fato observe a consistência das fezes dos pirralhos e veja se há algum mal estar. Nos maiores, mais independentes o pudor muitas vezes falseia a informação, mas se notar aquele “toletão” vamos cuidar de mudar os hábitos. Quando treinar a criança para fazer cocô no peniquinho? Após estar andando quando tem a liberdade de não sentar e sair quando quiser. Nas maiores quando usar o redutor do assento lembrar sempre de colocar um banquinho para apoio dos pés, pois a criança precisa contrair o abdome para evacuar e com as pernas no ar não consegue. Não force, com o tempo a criança vai se educando.
Em casos severos são necessárias lavagens intestinais em intervalos regulares o que provoca muita briga e necessidade de duas ou mais pessoas para fazê-la ou mesmo ir a hospital pela dor e desconforto.
ESTÓRIAS DE CONSULTÓRIO
Manoel (nome falso) estava com seus doze anos e há muito tempo não ia ao consultório. Chegou com essa queixa de constipação, cuecas sempre sujas o que pelo mau cheiro era motivo de bullying escolar etc. Quando examinei a coisa era preta, um grande fecaloma e muitos dias sem defecar. Investiguei com um enema opaco (exame radiológico) e lá estava um megacolon daqueles. Iniciei tratamento com laxativos e tinha que fazer lavagens freqüentes pela seriedade do caso. Certo dia ele já de saco cheio pergunta pra mãe:
-Mãe Tio Fernando ta me tratando ou ME TREINANDO PRA FRANGO?